sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O quebra-cabeças não resolvido de Alice no País das Maravilhas

Oi gentemmmmm, tudo bô? Ví uma matéria ma-ra-vi-lho-sa e vim compartilhar essa delicinha com vocês. 

Vamos ver?

Quem me conhece sabe que sou extremamente APAIXONADA por tudo que envolva a Alice, tenho até uma tatuagem "pequena" na coxa com a Alice. Tudo nisto me apaixona, a história, o desenho, os enigmas, as falas, os dramas, o clímax, enfim... tudo nessa pequena grande história é maravilhoso, e no site do Literatortura encontrei a matéria perfeita. Vem ler!

Alice já completou 150 anos e ainda amamos ler (e assistir) sobre as aventuras dessa garotinha no País das Maravilhas. Há algo nessa obra que faz dela um clássico atemporal, uma história fascinante que foi muito além das crianças do século XIX, público para o qual foi em princípio concebido.


Alice, a sabe-tudo

Em vez de instruir os pequenos, Carroll centrou sua narrativa numa menina que ralha com adultos, num mundo onde tudo é às avessas. Alice aconselha a todos sobre como agir e repreende os habitantes do País das Maravilhas por seus atos rudes e insanos. Ela sabe o que tem que ser feito, enquanto os adultos são indignos de confiança, ilógicos e, de certa forma, loucos. Esse aspecto do livro mudou o modo como crianças e adultos eram retratados na literatura até então.

O resultado é hilário: o humor irreverente do livro apela à natureza anárquica das crianças. Por exemplo, um dos poemas mais respeitados da época é bruscamente parodiado: O chapeleiro louco recita “Cintilante, cintilante morceguinho / Como eu queria saber onde você está!”, enquanto Alice proclama uma cômica versão de “The old man’s comforts and How he gained them”, clássico do poeta britânico Robert Southey.

Carrol usa sua narrativa para zombar do sistema educacional vitoriano. Alice usa longas palavras que não conhece apenas por que lhe parecem rebuscadas. Na escola, a Falsa Tartaruga, um dos personagens que a protagonista encontra ao longo da narrativa, aprende a “cambalear e contorcer-se” e “os diferentes ramos da artimética”: ambição, distração, “feificação” e provocação.¹ Trocadilhos, nonsense, humor, paródia e reviravoltas são hoje ingredientes constantes em livros infantis – graças a Carroll.

(Des)interpretando o mistério

As razões que fazem de Alice um sucesso mundo afora são mais complexas, mas elas podem estar relacionadas à percepção dos britânicos quanto à obra. O País das Maravilhas tem uma rainha, cafés da tarde, croqué e empregas domésticas. A visão nostálgica da época vitoriana é parte da graça. E este é um dos ingredientes que está presente também no seriado Downton Abbey e na coleção de livros Harry Potter, ambos famosíssimos no mundo inteiro.

Contudo, talvez o mais instigante seja o fato de que há, ao longo do livro, a sugestão de que Alice tem um obscuro lado oculto. Muitos creem que as comidinhas mágicas consumidas por Alice aludem às drogas: por exemplo, ela come um cogumelo mágico enquanto conversa com uma lagarta que fuma narguilés. Essa interpretação provém da cultura pop, baseada na interpretação de pessoas que viveram muito depois da obra ser escrita – mais precisamente, de hippies dos anos 60 e 70 – e carece de evidências mais precisas. Mas é uma releitura que permanece em evidência atualmente, conforme vemos nas cenas iniciais de Matrix.

Contudo, o suposto interesse sexual de Lewis Carroll por Alice Liddell, garotinha para quem essa história foi escrita, segue sendo uma das maiores dúvidas e calúnias acerca da obra. Carroll tirou fotos de muitas garotinhas, o que hoje é visto como algo suspeito. Apesar de acadêmicos terem provado recentemente que essas suspeitas são infundadas, os rumores sobre tais fotografias vêm e vão.

Sempre um quebra-cabeças.

Outros leitores vão mais além ao interpretar o livro e seu teor. Nina Auerbach, autora de Alice in Wonderland: a curious child, sugere que o “sonho” é uma jornada ao mundo interior, em que os impulsos do inconsciente não têm nenhum controle. Afinal de contas, Alice parece ameaçar comer muitos dos personagens da história, talvez refletindo o que Freud chamou de “fase oral”, uma etapa do desenvolvimento psicosexual do ser humano, e ela sempre pergunta “quem é você”, o que nos indica que nem sempre ela tem uma resposta clara aos fatos.
Ou poderia ser uma alegoria do tumultuoso processo de crescer, representado por Alice literalmente acordando no final da história. A busca por um significado mais profundo se torna tão cativante para nós pelo fato de as aventuras de Alice ao longo da história serem tão absurdas e sem noção.

Por fim, Alice no País das Maravilhas é um fenomenal exemplo de “texto aberto” – texto que pode significar o que você quer que signifique, dependendo do seu ponto de vista. O romance se tornou folclórico, um meme que amamos reproduzir. É uma história ambivalente o bastante para permitir uma gama de interpretações. Contos de fadas sobrevivem porque são versáteis: apresentam diferentes situações em diferentes contextos. Alice se tornou um tipo de conto de fadas moderno, e sem sombra de dúvida continuará sendo adaptado e reinterpretado por muitos e muitos anos.

Assim como desejamos mais um feliz aniversário a Alice, é interessante lembrar que a história aqui discutida foi escrita por um matemático. Seguramente, Carrol amaria saber que seu livro permanece um quebra-cabeças que muitas pessoas ainda tentam resolver.

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