sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sebos vendem livros por metro para decoração de escritórios e residências

Decoradores costumam preferir livros antigos, com aparência gasta
Já imaginou comprar livros por metro? R$ 150 para encadernados simples e R$ 250 para os mais trabalhados.O conteúdo da obra tem nenhuma, ou pouquíssima, relevância. O importante, mesmo, é a capa, o encardenamento, a textura, a cor e até o tamanho do exemplar. Uma matéria recente na Folha de S.Paulo mostra como alguns sebos têm se mantido e conseguido pagar as contas.
Os clientes compram para decorar escritórios, cômodos e combinar com a mobília da casa. Algumas dessas famílias, inclusive, possuem uma biblioteca para leitura e outra para a decoração.


A venda de livros para ver mais do que para ler não é incomum, mas nem todos os estabelecimentos têm valores fixos para o serviço. No Sebo do Messias, também no centro, coleções encadernadas vendidas em pacotes ou individualmente saem a cerca de R$ 5 o volume.


“Quem precisa traz uma fita métrica e depois fazemos a conta”, diz Messias Antônio Coelho, 72, dono da loja. Próximo do Tribunal de Justiça, o local recebe muitos advogados. “Eles querem encher o escritório de livros e impressionar a clientela”, diz.


No Sebo Liberdade, quem compra para enfeite são profissionais liberais e decoradores. Estes dizem que é comum que clientes peçam a montagem completa da sala de casa, incluindo estantes e livros.


“Quem gosta de leitura pede obras específicas”, diz a arquiteta Andrea Teixeira. “Em outros casos”, ressalva, “compramos pelo visual”.


Ela costuma visitar sebos procurando volumes antigos, bonitos e que combinem com o ambiente. “Às vezes compramos de um freguês direto para o outro, quando, por exemplo, alguém vai mudar para um apartamento menor”, ela explica.



Foi o caso da coleção de 1968 de romances e poesia que a sócia dela, Fernanda Negrelli, adquiriu para uma cliente no Alto de Pinheiros, região oeste. A dona do imóvel prefere o anonimato.


De capa branca de papel-couro que combina com a sala de visitas, o conjunto tem lugar de realce na estante. Já os livros de leitura da família, que não são encadernados, ficam em outro cômodo.

Um metro de livros tem cerca de 30 volumes
No Belo Artístico, o foco são livros raros e montagem de coleções. Ari -que já teve o bibliófilo José Mindlin (1914-2010) como cliente- reserva às vendas decorativas as peças mais triviais. Entram na lista romances antigos, livros de história e enciclopédias desatualizados. No local, muitos procuram livros para adorno sem ajuda de profissionais.
Ari diz saber que essa parte do público ignora o conteúdo de seu estoque, mas jura que não se importa. “Eu acho bom, porque estão levando livros. Em uma biblioteca, alguém vai acabar consultando.”

Livro é status. Indica, supostamente, uma pessoa culta e preocupada com a arte, cultura e reflexão. Não é nada raro, na verdade, a compra de livros para impressionar o cliente, o amigo ou os convidados. Particularmente, acredito que seja uma necessidade de construir algo que não se é, para ter objetos de identificação e, inclusive, elevação social.

Se eu estivesse no lugar do seu Ari, também não me importaria. Afinal, preciso vender livros para vender e, infelizmente, se eles não serão lidos, a culpa não é minha. Até porque, parado no sebo, eles também não serão lidos. 

Decoradores costumam preferir livros antigos, com aparência gasta
Decoradores costumam preferir livros antigos, com aparência gasta

Coleção de história moderna da Universidade de Cambridge sai por R$ 1500 no sebo O Belo Artístico
Coleção de história moderna da Universidade de Cambridge sai por R$ 1500 no sebo O Belo Artístico
Coleção de livros comprados pelo escritório Andrea Teixeira & Fernanda Negrelli para uma cliente em Alto de Pinheiros, região oeste
Coleção de livros comprados pelo escritório Andrea Teixeira & Fernanda Negrelli para uma cliente em Alto de Pinheiros, região oeste

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