segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Lendo o mundo em 196 livros: escritora lê um livro de todos os países do mundo em um ano.

Hey pessoas,
confesso que sempre fui VICIADA em ler, contos, fábulas e coisas com mitologia e tal. Meu interesse veio da minha irmã que sempre lia pra mim, afinal... Li esta matéria e me apaixonei, ela colocou uma ''meta'' a si mesma e leu 196 livros o.O.
Espero um dia ser assim, rs.
Boa viagem literária pra vocês. :*

365livros
Já se imaginou viajando pelo mundo, conhecendo outros países e se embrenhando nos lugares mais profundos, possivelmente inóspitos e desconhecidos das manifestações culturais e das mentes humanas sem ao menos sair de casa? Não, esta não é mais uma daquelas promoções bizarras que te bombardeiam com listas de impossibilidades intermináveis que se mostram aparentemente possíveis apenas quando alguma empresa as descobre e as reúne num passe de mágica para você. É, contudo, a história verídica de alguém que, durante um ano, mergulhou de cabeça numa ideia que foi capaz de mudar sua percepção e concepção do mundo e de seus ilustres habitantes.
É certo que o advento e a popularização da internet na contemporaneidade puderam, certamente, simular esse prazer inerente a qualquer ser humano cosmopolita e desenraizado. No entanto, será possível conhecer e desbravar todas as nações do planeta através da Literatura?
Em 2012, a escritora Ann Morgan lançou um desafio a si mesma: ler um livro de todos os países do mundo em um ano. Abaixo, ela descreve essa experiência singular e conta o que aprendeu.
Eu costumava conceber a mim mesma como um tipo de pessoa relativamente cosmopolita, mas minhas estantes de livros contavam uma história diferente. Além de alguns romances indianos e de um livro australiano e um sul-africano esquisitos, minha coleção de literatura era formada por títulos ingleses e norte-americanos. Pior ainda: eu raramente lia obras traduzidas. Minhas leituras eram limitadas a histórias escritas por autores falantes de inglês.
Então, no começo de 2012, estabeleci um desafio a mim mesma para tentar ler um livro de todos os países (bem, todos os 195 países reconhecidos pela ONU mais o ex-membro da Organização, Taiwan) em um ano para encontrar o que eu havia perdido.
Sem fazer ideia de como fazer isso – além da suspeita de que era improvável encontrar publicações das quase 200 nações nas prateleiras da minha livraria local -, decidi pedir ajuda dos leitores de todo o mundo. Criei um blog chamado “A Year of Reading a World” (link do blog:http://ayearofreadingtheworld.com/) e fiz um apelo para sugestões de obras que eu pudesse ler em inglês.
O feedback foi incrível. Antes que eu pudesse perceber, pessoas de todo o mundo estavam entrando em contato com ideias e oferecendo ajuda. Algumas me enviaram livros dos seus países, outras realizaram horas de pesquisas por mim. Além disso, vários escritores – como o turcomano Ak Welsapar e o panamenho Juan David Morgan – me enviaram traduções ainda não publicadas de seus romances, me concedendo a honra de ler diversos trabalhos que não estão disponíveis para 62% dos britânicos que falam apenas inglês. No entanto, mesmo com um extraordinário time de bibliófilos me apoiando, encontrar os livros não foi uma tarefa simples. No início, com traduções suprindo apenas 4,5 por cento das obras literárias publicadas no Reino Unido e na Irlanda, obter versões das histórias em inglês foi extremamente complicado.

Pequenas Nações
Essa dificuldade foi especialmente válida para países africanos francófonos e lusófonos (falantes de português). Havia pouquíssimas coisas de países como Comores, Madagascar, Guiné-Bissau e Moçambique – tive que contar com manuscritos inéditos para a maioria deles. Quando esses manuscritos vieram da pequena nação insular de São Tomé e Príncipe, eu teria ficado perdida sem um time de voluntários que traduziram um livro de contos de Olinda Beja apenas para que eu pudesse ler alguma coisa desse pequeno país.
Depois haviam países em que histórias são raramente escritas. Se você está atrás de uma boa narrativa das Ilhas Marshall, por exemplo, provavelmente terá que ir até lá e pedir permissão aos chefes locais (iroij’s) para escutar um dos contadores de histórias e só então conseguir um livro. Da mesma forma, na Nigéria, lendas são tradicionalmente preservadas pelos griots (griôs) (narradores-musicos especialistas em sua função, treinados pela tradição local desde aproximadamente seus 7 anos). Versões escritas de suas performances fascinantes são poucas e dispersas – e podem, sobretudo, capturar apenas uma pequena parte da experiência de escutá-los pessoalmente.
Se não fosse suficiente, a política também me deu um estranho “chacoalhão”. A fundação do Sudão do Sul, em 9 de julho de 2011 – apesar de ser um acontecimento festivo para seus cidadãos, que têm suportado décadas de guerra civil e ainda assim continuam a viver lá – me colocou uma espécie de desafio. Faltam estradas, hospitais, escolas ou infraestrutura básica e o país de apenas 6 meses de idade parece não ter publicado nenhum livro desde sua criação. Se não tivesse sido por um contato local que arranjou uma maneira de me comunicar com a escritora Julia Duany – que me escreveu um conto por encomenda -, eu poderia ter tido que pegar um avião para Juba para tentar encontrar alguém para me contar uma história pessoalmente.
De modo geral, procurar por histórias como essa me tomou tanto tempo quanto ler e escrever para o blog. Foi uma tarefa difícil conciliar tudo isso em torno do trabalho e muitas foram as noites em que me sentei com os olhos turvos de madrugada para ter certeza de que conseguiria manter minha meta de ler um livro a cada 1,87 dias.

Paisagem mental
Mas o esforço valeu a pena. Enquanto trilhava meu caminho através das paisagens literárias do planeta, coisas extraordinárias começaram a acontecer. Longe de um simples voo seguro na poltrona de um avião, descobri que estava habitando o espaço mental dos narradores. Em companhia do escritor butanês Kunzang Chode, eu não estava simplesmente visitando templos exóticos, mas os vendo como um budista local os veria. Transportada pela imaginação de Galsan Tschinag, vaguei através das preocupações de um jovem pastor nas Montanhas Atlai, na Mongólia. Com Nu Nu Yi como meu guia, participei de um festival religioso em Mianmar da perspectiva de um médium transexual.
Nas mãos de talentosos escritores, descobri que a viagem através dos livros me oferecia uma coisa que um viajante físico espera viver apenas raras vezes: eles me levavam para dentro dos pensamentos de pessoas que viviam muito longe e me mostravam o mundo através de seus olhos. Mais poderoso que milhares de reportagens recentes, essas histórias não apenas abriram minha mente para o funcionamento da vida em outros lugares, mas abriram meu coração para a maneira como as pessoas distantes podem sentir.
E isso, por sua vez, mudou minha percepção. Por meio da leitura de histórias compartilhadas comigo por amantes de livros desconhecidos de todo o mundo, percebi que eu não era uma pessoa isolada, mas parte de uma rede que se estende por todo o planeta.
Um por um, os nomes dos países na lista que tinha começado como um exercício intelectual no começo do ano se transformaram em locais vitais e vibrantes, cheios de risadas, amor, raiva, esperança e medo. Terras que um dia pareciam exóticas e remotas se tornaram próximas e familiares para mim – lugares pelos quais eu conseguia me identificar. Por meio dessa experiência, eu aprendi: a ficção torna o mundo real.
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Você também pode conhecer o antes e depois dessa “viagem” de um ano pela perspectiva da estante de livros da escritora clicando neste link: http://vimeo.com/56552155
Além disso, recomenda-se fortemente a leitura (cujo conteúdo se encontra apenas em inglês) do blog (link: http://ayearofreadingtheworld.com/) mantido por Ann, que reúne um levantamento incrível de informações (considerações pessoais, listas, comentários críticos, entre outras coisas) sobre as obras consultadas por ela durante sua jornada pelos confins do mundo literário. Vale ressaltar que a escritora lançará um livro (em 2015, pelo que consta no blog), intitulado Reading the World: Postcards from my Bookshelf, que retratará todos os pormenores de sua experiência.

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